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sábado, 22 de julho de 2023

As origens de Freyr e Freyja

 Freyr e Freyja são os poderosos filhos de Njord (Njörðr) e sua esposa irmã não nomeada que pode ser Nerthus como vimos no post anterior. Freyr e Freyja eram muito venerados na Escandinávia, com numerosos topônimos (nome de lugar contendo o nome da divindade).

Arte tirada de internet representando Freyr e Freyja e seus animais sagrados.

 No Lokasenna e na Ynglinga Saga, Freyr e Freyja nasceram no Vanir e depois foram levados pelo Æsir num tratado de paz com troca de reféns. Ou seja, eles já eram nascidos na guerra divina.

 No Skírnismál, Skadi (Skaði) clamou que Freyr é seu filho, algo confirmado por Skirnir (Skírnir) no poema, mas, aqui pode ser no aspecto de consideração já que ela foi esposa de Njord. O Gylfaginning mencionou que os irmãos nasceram depois da separação de Njord e Skadi, o que é algo contraditório.

 No Grímnismál é dito que os deuses (tívar) deram Alfheim (Álfheimr) para Freyr como dádiva do dente no início dos tempos, o que indica que foi na mocidade desta poderosa divindade. Provavelmente isso ocorreu quando o trio Vanir foi aceito entre os Æsir: porque os três receberam grandes honrarias. Njord, Freyr e Freyja se tornaram os sacerdotes de sacrifícios dos deuses Æsir e Freyja ensinou magia Vanir para eles. Freyr e Freyja também eram amantes e já foram pegos juntos na cama segundo Loki (pode ser mentira, mas esse hábito sexual entre irmãos era comum entre os Vanir). No poema rúnico Anglo-saxão é registrado que Ing (Yngvi que é outro nome de Freyr) foi visto partindo em direção ao mar. Ing, Ingui, Yngvi e Ingunar-Freyr são variações das denominações de Freyr.

 Freyja pode ter nascido no mar tal como a Afrodite dos gregos (a qual tem muitas similaridades) e a Lakshmi dos hindus, Njord, seu pai, era regente desse elemento, e Vanaheim (Vanaheimr) é descrito sendo ladeado por um rio segundo a Ynglinga Saga (embora os relatos são evemerizados, eles podem conter algum eco pagão verdadeiro). A outra denominação de Freyja, Mardöll que significa "Brilho do Mar", parece confirmar isso. Com isso, podemos deduzir que os irmãos nasceram entre a união do mar (Njord) e da terra (Nerthus). A procissão de Nerthus ia da terra para o mar onde o escravo era sacrificado. Njord, Freyr e Freyja são todos associados ao mar e a terra tal como Nerthus. O mar e a terra são símbolos de abundância e vida. 


FONTES:

A Genealogia dos Deuses Nórdicos, Marcio Alessandro Moreira (Vitki Þórsgoði)

Dictionary of Norse Myth and Legend, Andy Orchard

Edda, Anthony Faulkes

The Poetic Edda, Carolyne Larrington

SITES CONSULTADOS:

https://heimskringla.no/wiki/Edda_Snorra_Sturlusonar

https://heimskringla.no/wiki/Eddukv%C3%A6%C3%B0i

https://heimskringla.no/wiki/Ynglinga_saga

https://sourcebooks.fordham.edu/basis/tacitus-germanygord.asp

https://web.archive.org/web/19990417051946/http://www.ragweedforge.com/rpaa.html

https://web.archive.org/web/19991008051502/http://www.ragweedforge.com/rpae.html

sexta-feira, 14 de julho de 2023

As origens de Njord

 Njord (Njörðr) é uma das mais importantes divindades nórdicas, cuja adoração é atestada nas sagas e nos topônimos (nomes de lugares) pela Escandinávia. Embora, pouco se saiba dele em comparação a Odin (Óðinn) e Thor (Þórr), algumas coisas foram registradas nas fontes antigas.

Njord, arte de internet.

 Njord teve uma esposa entre seu clã Vanir que também era sua irmã (embora seu nome não foi registrado), algo comum nessa família divina. No poema Vafþrúðnismál, é dito que Njord foi criado em Vanaheim pelos Regin (um termo comum para deuses, mas em alguns casos esse termo se refere aos Æsir) e, então, enviado aos deuses (goðum) como refém depois da guerra. Na Ynglinga Saga é dito que Njord e Freyr eram os mais renomados (hina ágæstu menn, no sentido de chefes) do povo Vanir.
 No Íslendingabók e no Historia Norvegiae, Njord aparece como filho de Yngvi (que não é Freyr, embora é um nome dele também). Esse Yngvi (pai de Njord) é tido como filho de Odin no Ættartölur do Flateyjarbók. Se este Yngvi realmente for filho de Odin e pai de Njord, isso explicaria a guerra Æsir-Vanir, pois ambos os clãs seriam descendentes do pai dos deuses e queriam as mesmas honrarias divinas. Esse Yngvi filho de Odin é associado a Turquia, algo comum na idade média, pois os europeus acreditavam que descendiam de Tróia. Curiosamente Cybele que era uma deusa da terra entre os frígios (Anatólia na Turquia), é bastante similar a Nerthus, a deusa germânica da terra que se pensa ser a irmã de Njord. Njord, seu filho Freyr e Nerthus são associados a procissão de carruagens. O escravo morto num ritual de Nerthus era afogado num lado, o elemento líquido é domínio de Niord. Jord, a mãe-terra, também tinha um meio-irmão chamado Aud (Auðr), cujo poder parece ser a prosperidade e riqueza ao julgar pelo significado do nome, o nome do pai dele, Naglfari, parece indicar conexão com o mar. Njord também é apelidado de Aud na Ynglinga Saga, seu poder também é prosperidade/abundância e ele vivia num local cercado de navios, chamado Noatun (Nóatún). Há uma grande conexão aqui entre Njord e sua irmã não nomeada (Nerthus?) e Aud e sua irmã Jord. Annar (Annarr) pode ser outro nome de Odin e ele é pai de Jord (leiam aqui: https://osegredodasrunas.blogspot.com/2023/04/as-origens-de-jord.html), Yngvi é filho de Odin, que é pai de Njord. Também devo mencionar que é possível que a pessoa que coletou os mitos pode ter se equivocado e se enganado, fazendo Yngvi-Freyr em duas personalidades separadas, mas que na verdade era um apenas.
 Para os gregos Agdistis (Cybele), segundo uma versão, era hermafrodita no nascimento (tendo os dois sexos), mas os deuses temendo a criatura, cortaram o pênis fora, tornando-se apenas feminina. Agdistis era descendente do céu e da terra. Do pênis cortado nasceu uma árvore frutífera que foi experimentada por uma ninfa que gerou Attis. A duplicidade de Agdistis lembra sobre a Terra (Jörð) ser chamada de Fjörgyn/Fjörgynn (forma masculina e feminina) que mencionei em posts anteriores. Nerthus, a deusa germânica (cujo nome é cognato ao de Njord etimologicamente), que pode ser um aspecto ou outro nome de Jord, possui possíveis significados correlatado: "procriação ou produção (do indo europeu *nertus)", e "virilidade (do indo europeu *nara-)". Procriar sozinha tal como Ymir? Virilidade por que teria as duas polaridades? Mas, vale lembrar que a etimologia de "Njord" e "Nerthus" são incertos e possuem múltiplos possíveis significados além dos que apresentei aqui.
 Cybele era servida por sacerdotes castrados, o que lembra os sacerdotes do Vanir que praticavam culto de forma afeminada. Cybele era associada a leões e Freyja (a filha de Njord) era associada a gatos de grande porte na Escandinávia.
 Estas pistas podem ser uma evidência de que Jord/Fjorgyn/Nerthus era a mesma divindade sob nomes diferentes, mas com as mesmas características, e ela era esposa original de Njord com quem gerou seus filhos. 
 

FONTES:
A Genealogia dos Deuses Nórdicos, Marcio Alessandro Moreira (Vitki Þórsgoði)
Edda, Anthony Faulkes
The Poetic Edda, Carolyne Larrington
SITES CONSULTADOS:

segunda-feira, 12 de junho de 2023

O nascimento de Heimdall

 Heimdall (Heimdallr) é um dos deuses mais interessantes do panteão nórdico, mas infelizmente pouco se sabe sobre essa grande divindade e algumas coisas são confusas e conflitantes. Segundo Snorri na sua Edda em Prosa, Heimdall é filho de Odin (Óðinn) e de nove mães, todas irmãs. O poema Völuspá hin Skamma ("A Völuspá Menor") conta que o deus foi nascido de forma milagrosa e sobrenatural.

Heimdall soprando a Gjallarhorn numa arte islandesa de um manuscrito de 1765.

 Heimdall nasceu no início dos tempos nas profundezas da Terra (Jarðar þrömr), suas nove mães o geraram e elas eram chamadas de: Gjalp ("Aquela Que Uiva"), Greip ("Aquela Que Aperta"), Eistla ("Aquela Que Brilha?" ou "Tempestuosa?"), Eyrgjafa ("Aquela Que Espalha A Areia?"), Ulfrún ("Loba" ou "Runa do Lobo"), Angeyja ("Ilha De Cheiro Agradável?"), Imðr ("Crepúsculo" ou "Tempestuosa"), Atla ("A Terrível") e Járnsaxa ("Aquela Com A Faca De Ferro"). Heimdall nasceu pelo poder da Terra (Jarðar megni), do mar congelado (svalköldum sæ) e pelo sangue do javali sacrificado (sónardreyra). Os nomes das mães de Heimdall sugerem conexão clara com o mar. No poema Hárbarðsljóð da Edda Poética, Odin disfarçado de Hárbarðr se gabou de se deitar com sete irmãs (systrum sjau) que traçavam cordas na areia e elas escavavam profundos vales na terra (rios?) e tal relato pode ter conexão aqui, já que das nove irmãs, sete estavam vivas. Gjalp e Greip foram mortas por Thor (Þórr).

 Heimdall, então, nasceu da união dos poderes da Terra, do mar congelado e do javali sacrificado. As nove gigantas que são suas mães, podem ser a personificação dos rios que ligam os nove mundos, desse modo, cada uma representaria as águas subterrâneas que correm nas raízes de Yggdrasill e acabam se encontrando. Isso parece ser confirmado numa das possíveis tradução da estrofe 2 do poema Völuspá da Edda Poética: "Eu me lembro dos nove domicílios/mundos, das nove gigantas, na gloriosa Dispensadora [Yggdrasill] abaixo da terra/Níu man ek heima, níu íviðjur, Mjötvið mæran fyr mold neðan." O poder da Terra (Jörð) é prolifico, gerador de vida, energia. A Yggdrasill está situada em três níveis cósmicos, cada nível é dividido em três (3 + 3 + 3 = 9), mas conectada as fontes de água.

 O "mar" aqui pode ser Ægir, o gigante marinho, porque a palavra usada "" é um dos epítetos dele na Edda em Prosa e na Edda Poética. Ægir é pai de nove ondas, mas seus nomes não batem com os nomes da Völuspá hin Skamma, a não ser que sejam outras denominações delas. Porém, para complicar, Gjalp e Greip são filhas do gigante Geirrod (Geirröðr), que foram mortas por Thor. Járnsaxa se uniu a Thor e gerou Magni. Heimdall tem certas similaridades com deus irlandês Manannán mac Lir. Manannán mac Lir possuía um suíno que simbolizava a abundância de alimentos tal como o Sæhrímnir de Odin (que pode ter conexão com Heimdall como veremos logo abaixo); Manannán mac Lir significa "O Filho do Mar" e é relacionado ao mar (seu pai, Lir, é o deus do mar), e Heimdall é filho de gigantas marinhas (que alguns conectam com as filhas de Ægir, mas Odin também tem conexão com o mar); Manannán mac Lir é o guardião do outro mundo (mundo dos mortos) e Heimdall é o guardião dos deuses; Manannán mac Lir tinha um cavalo mágico e Heimdall também.

 O javali que foi sacrificado pode ter sido Sæhrímnir, esse javali é morto todos os dias e renasce todas as tardes pra ser servido aos Einherjar (guerreiros) do Valhall (Valhöll). Sæhrímnir representa o renascimento e a abundância. Contudo, a palavra "sónardreya" ("javali sacrificado") é associada a "sónargöltr" ("javali sacrificado") e ambas são ligadas ao Vanir, especialmente Freyr. No poema Þrymksviða da Edda poética Heimdall é dito ver muito além (o futuro) como outro Vanr (os membros do Vanir podem ver o futuro). O sónargöltr sacrificado em honra de Freyr tinha conexão com oráculos e divinação.

 Com isso, podemos deduzir que Heimdall é a personificação da própria Yggdrasill, já que ele está na entrada do céu em Hmininbjörg ("Montanha Celeste"). Odin, é a personificação do céu e isso corroboraria Heimdall ser seu filho, pois suas nove mães ficam embaixo das águas, Heimdall no meio entre a Terra e o firmamento e Odin no alto do céu.


FONTES:

A Genealogia dos Deuses Nórdicos, Marcio Alessandro Moreira (Vitki Þórsgoði)

An Icelandic-English Dictionary, Richard Cleasby & M. A. Gudbrand Vigfusson

Dictionary of Northern Mythology, Rudolf Simek trad. Angela Hall

Gods and Myths of Northern Europe, Hilda R. E. Davidson

SITES CONSULTADOS:

https://heimskringla.no/wiki/Eddukv%C3%A6%C3%B0i

https://heimskringla.no/wiki/Edda_Snorra_Sturlusonar 

segunda-feira, 27 de março de 2023

Os deuses Vanir, seus descendentes e relacionados

 Pouco é contado sobre os deuses Vanir nas antigas fontes escritas em comparação aos Æsir, isso provavelmente por causa do teor sexual e feminino de seus cultos. Quem compilou quase todo o material da cosmovisão nórdica pré-cristã foram pessoas convertidas ao cristianismo e após o período pagão, e eles podem ter suprimido e censurado os contos e/ou práticas do Vanir.

Trio Vanir: Njord (Njörðr), Freyr e Freyja, arte tirada da internet.

 Mas, vamos ao que interessa, provavelmente vocês conhecem o trio mais famoso dos Vanir: Njord e seus filhos Freyr e Freyja que foram enviados aos Æsir como reféns e se tornaram uns dos seus principais deuses, mas existem outros membros dessa família citados nas fontes antigas:

Yngvi era filho de Odin (Óðinn) e pai de Njord, não confunda com o Yngvi-Freyr que é filho deste último, pois são duas divindades distintas. Yngvi é descrito como rei da Turquia (Tyrkjakonungr), mas ele foi evemerizado o que torna difícil de traçar conjecturas (teoria de que deuses antigos eram mortais divinizados). Desse modo, ele aparentemente foi o primeiro Vanir. Segundo se conta, as famílias suecas reais de Uppsala provem dele e de Freyr (seu neto), por isso eles são chamados de Ynglingar

Gullveig foi a causa da guerra Æsir-Vanir, ela foi até Asgard (Ásgarðr), mas foi queimada e espetada por lanças três vezes, mas renasceu. Ao que tudo indica, ela foi tratada assim por causa de suas habilidades com a magia (ela é praticante de seiðr, prática comum entre os Vanir) e também por causa do ouro (ela é associada a corrupção). Alguns pesquisadores identificam Gullveig com Freyja por causa de algumas similaridades: ambas gostam de ouro, ambas são praticantes de seiðr, e ambas são ditas ter ensinado seiðr para o Æsir (é o que a estrofe da Völuspá dá a entender sobre Gullveig). É difícil saber ao certo, mas é provável que Gullveig fosse uma mensageira dos Vanir e não a própria Freyja, porém, Snorri mencionou que a irmã de Freyr chegou a andar por terras distantes com nomes diferentes. Depois que renasceu, Gullveig passou a ser chamada de Heiðr.

As 9 filhas de Njord (Njarðar dœtr níu) são citadas como um grupo de deusas que riscavam runas no poema Sólarljóð, mas apenas dois nomes foram registrados: a mais velha delas é Ráðveig ou Böðveig e a mais nova entre elas é Kreppvör.

Njord e sua irmã (Njarðar ok systur hans) é uma deusa mencionada como companheira de Njord entre os Vanir, mas ele a deixou quando foi levado a Asgard como refém. O nome dela não é recordado nas antigas fontes, mas é possível que ela seja Nerthus, a deusa germânica citada por Tácito no 1º século, devido a similaridade dos nomes Njord-Nerthus (indicando um par tal como Freyr e Freyja), a associação deles com a água e com a carruagem. Na Ynglinga Saga é narrado que entre o Vanir era comum casamento e/ou relações sexuais entre parentes.   

Kvasir aparece como membro do Vanir na Ynglinga Saga, mas na Edda em Prosa ele foi criado pelas duas tribos divinas: Æsir e Vanir, que cuspiram numa vasilha e ele veio a vida. Ele era o mais sábio dos deuses, dotado de grande intelecto e podia responder qualquer coisa. Ele foi morto por anões, que fabricaram o Hidromel dos Poetas. Ele andou pela Terra ensinando sabedoria para os homens antes de ser assassinado.     

Hnoss e Gersemi eram as belíssimas filhas de Óðr e Freyja. Óðr pode ser Óðinn (a etimologia do nome é relatado) ou talvez outro personagem. Óðr deixou Freyja, mas a deusa o procurou pelo mundo.   

Fjölnir era filho de Freyr e Gerd (Gerðr) e ele governou a Suécia. Ele tinha poder sobre as estações e colheitas, que é herança do Vanir. Ele foi evemerizado. Pertence a família Ynglingar, que são descendentes de Freyr ou Yngvi Freyr.

Svegðir filho de Fjölnir e neto de Freyr. Ele foi evemerizado. Pertence a família Ynglingar, que são descendentes de Freyr ou Yngvi Freyr.

Vana era esposa de Svegðir e ela é uma deusa que habitava no Vanaheim. Svegðir foi até a terra do Vanir para se casar com ela.

Vanlandi era filho de Svegðir e Vana. Ele foi evemerizado. Pertence a família Ynglingar, que são descendentes de Freyr ou Yngvi Freyr.

Visbur (Vísburr) era filho de Vanlandi e Drifa. Ele foi evemerizado. Pertence a família Ynglingar, que são descendentes de Freyr ou Yngvi Freyr.

 Depois, outros continuaram a linhagem real e eram associados aos Ynglingar: Dómaldi (filho de Visbur), Dómarr (filho de Dómaldi), Dyggvi (filho de Dómarr), Dagr (filho de Dyggvi), Agni (filho de Dagr), Alrekr e Eiríkr (filhos de Agni), Yngvi e Álfr (filhos de Alrekr), Hugleikr (filho de Álfr), Jörundr (filho filho de Yngvi), Aun (filho de Jörundr), Egill Tunnudólgi (filho de Aun), Óttarr (filho de Egill), Aðils (filho de Óttarr), Eysteinn (filho de Aðils), Yngvarr (filho de Eysteinn), Önundr (filho de Yngvarr), Ingjaldr (filho de Önundr, e o último dos reis suecos Ynglingar, ele foi conquistado pelo rei da Escânia Ivar Vidfamne, mudando assim a linhagem real).  

 As dinastias reais germânicas eram relacionadas a Odin, Freyr e Heimdall (Heimdallr), e seus descendentes possuíam algum poder divino, mas eles são mais ou menos semideuses, no caso dos Ynglingar, eles possuíam poder sobre o bom tempo, estações e colheita. Linhagem real divina era algo comum na antiguidade, pois vários reis e governantes eram considerados filhos ou escolhidos dos deuses. As dinastias reais relacionadas a Odin eram guerreiras, conquistadoras e forjadoras de império, enquanto as dinastias reais relacionadas a Freyr eram voltadas para práticas sexuais, algumas ligadas a homossexualidade e divinação (os descendentes de Freyr praticavam cultos que eram considerados efeminados por um guerreiro que era devoto de Odin). A linhagem real de Freyr também era voltada para abundância e prosperidade. Por isso, eu creio, que os copistas cristãos (que registravam os textos) preferiu não registrar a cultura ligada ao Vanir, salvo alguma coisa aqui e ali, que eram necessárias a contextualização de um determinado tema. O culto Vanir era extremamente feminino onde profetisas (Völur no plural e Völva no singular) saiam pelas cidades com cortejo de mulheres e até homens. Muitas eram temidas e veneradas. Os homens que praticavam magia Vanir (seiðr) eram vistos como efeminados, mas eram temidos.

 Um adendo: não devemos nunca generalizar as coisas: pois Odin aprendeu seiðr com Freyja, e havia guerreiros dedicados ao Vanir que usavam o símbolo do javali como proteção nas batalhas. Com isso, podemos entender que após a guerra Æsir-Vanir, as duas principais tribos divinas trocaram conhecimentos e habilidades, fortalecendo ainda mais seus poderes e entendimentos.

  

FONTES:

A Genealogia dos Deuses Nórdicos, Marcio Alessandro Moreira (Vitki Þórsgoði)

Gods and Myths of Northern Europe, Hilda R. E. Davidson

Heimskringla: History of the Kings of Norway, Snorri Sturluson trad. Lee M. Hollander

Saxo Grammaticus Gesta Danorum: The History of the Danes Volume I & Volume II, trad. Peter Fisher

Scandinavian Mythology, Hilda R. E. Davidson

SITES CONSULTADOS:

https://heimskringla.no/wiki/Edda_Snorra_Sturlusonar

https://heimskringla.no/wiki/Eddukv%C3%A6%C3%B0i

http://etext.old.no/Bugge/solar.html

http://www.heimskringla.no/wiki/%C3%8Dslendingab%C3%B3k

http://www.heimskringla.no/wiki/S%C3%B3larlj%C3%B3%C3%B0

https://heimskringla.no/wiki/Ynglinga_saga

https://www.sacred-texts.com/cla/tac/g01040.htm

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