Frigg é a rainha dos deuses, esposa de Odin (Óðinn) e mãe de Balder, mas pouco sobre ela é conhecido em comparação a Freyja, divindade ao qual é confundida pelas similaridades.
Segundo Snorri na sua Edda em Prosa, Frigg é filha de Fjorgynn (dóttur Fjörgyns), algo confirmado no poema Lokasenna (Fjörgyns mær). Fjorgynn é praticamente desconhecido, e parece ser apenas um nome. Mas, essa denominação é a forma masculina da Terra (Jörð), Fjorgyn (Fjörgyn). Então, talvez, temos um par de divindades aqui: Fjorgynn e Fjorgyn, tal como Freyr e Freyja, Njord (Njörðr) e Nerthus, Phol e Volla, Ullr e Ullin. Fjörgynn é relatado etimologicamente ao protoindo-europeu *Perkwunos, e desse modo cognato ao eslavo Perun, ao lituano Perkunas e talvez com o védico Parjanya (que é identificado com Indra), que são divindades ligadas a chuvas e tempestades (Fjorgyn/Jord é a mãe de Thor (Þórr) que reforça esse laço entre eles).
A Terra (Jörð) foi feita da carne de Ymir (Ýmir) pelo trio criador, e este gigante primordial tinha habilidade de gerar filhos por autogênese, cujo o significado do nome ("gêmeo" ou "duplo") parece indicar sua energia dupla masculina e feminina num único ser. Então, é muito possível que a Terra tenha herdado essa habilidade. No Hinduísmo o conceito de masculino e feminino na divindade é conhecido. Shiva é considerado o aspecto masculino criador enquanto Shakti o aspecto feminino criador e ambos são um par, um casal, emanações de Brahman (não confundir com Brahma da Trimurti). Mas, infelizmente pouco sobre Tyr, Jord e Frigg chegou até nós.
Numa das versões do poema rúnico islandês, Frigg é filha de Tyr (Týr er einhendr áss ok úlfs leifr ok Friggjar faðir). Se aceitarmos que a Terra é feminina e masculina, então, Frigg foi gerada da união da Terra e de Tyr. A Geia/Gaia e a Hera (dependendo da versão) dos gregos podiam gerar filhos por autogênese também. Vale lembrar que Frigg tem poder sobre a natureza (explícito na saga da morte de Balder), o que nos leva a crer que ela herdou de Jord, a mãe-terra. Se Frigg realmente for filha de Fjorgyn, então, ela é meia-irmã de Thor, curiosamente a mãe de Balder e o filho de Odin eram adorados como um par na Fljótsdæla Saga, a lado de Freyr e Freyja (que também são irmãos e formava outro par no templo nesta saga).
Frigg é apontada como mãe dos deuses no prólogo da Edda em Prosa, Gylfaginning (Kona hans hét Frigg Fjörgvinsdóttir, ok af þeira ætt er sú kynslóð komin) e no poema Sonatorrek (Friggjar niðja), mas apenas Balder aparece como seu filho nas antigas fontes. Os filhos de Odin no prólogo da Edda em Prosa: Vegdeg, Beldeg/Balder, Sigi, e Skjöldr parecem serem filhos de Frigg, porque Balder aparece entre eles e o descendente de Sigi, Rerir, foi ajudado pela deusa na Völsunga Saga. Agnarr, o filho de Hrauðungr, era filho adotivo de Frigg segundo o Grímnismál. O que dificulta o esclarecimento, é que esses filhos de Odin eram reis considerados lendários e estão no prólogo que é considerado adição tardia na Edda de Snorri, contudo, essas narrativas podem ter algum eco pagão que foram passados oralmente. Isso faria Frigg não apenas a rainha dos deuses, mas a deusa que gera reis também e ela é a contraparte perfeita para Odin.
FONTES:
A Genealogia dos Deuses Nórdicos, Marcio Alessandro Moreira (Vitki Þórsgoði)
Edda, Anthony Faulkes
The Icelandic Rune-Poem, R. I. Page
The Poetic Edda, Carolyne Larrington
SITES CONSULTADOS:
http://www.vsnrweb-publications.org.uk/Fljotsdale%20Saga.pdf
https://heimskringla.no/wiki/Edda_Snorra_Sturlusonar
https://heimskringla.no/wiki/Eddukv%C3%A6%C3%B0i
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